sábado, 26 de setembro de 2009

[Cronicas da taverna] : Pensamentos do farol

Das poucas vezes que fechei a taverna, essa foi uma delas.

mas não foi para visitar o porto (embora estivesse tão perto para faze-lo),
tão pouco para encontrar um velho amigo (embora não tenha um por essas bandas, mas sempre há uma oportunidade para isso), em fim. Foi tudo isso, mas foi diferente.

Toda vez que eu ia buscar os barris de rum no fim da tarde no porto, me deparava com a figura do farol, robusto, na beira do penhasco. sempre ali pelas 18:00 horas ele ligava (exatamente com o primeiro bater do sino da capela na praça).... e isso me instigava.
como já estou a um bom tempo por aqui e o populacho dessa vila não passa de 3 mil pessoas (isso chutando alto), pre-suponho que quase todos já passaram por aqui. (vide as histórias anteriores), mas nunca um sinaleiro deu as caras nessa taverna... e estava ai outro ponto que me chamava a atenção.
mas o que mais me incomodava e me contorcia as entranhas a cada momento era acerca do imaginário que trabalhava a cada momento montando a imagem do sinaleiro.

"ah! deve ser aquele velho asqueroso bem rabugento!" ou melhor "deve ser um marinheiro sem as pernas por causa de um tubarão" na-na-não "deve ser um velho arqueroso bem rabugento, ex-marinheiro, sem as pernas por causa de um turbarão!" isso! é isso que eu vou encontrar ao chegar lá em cima! dizia isso a mim mesmo ao pautar sobre o assunto do sinaleiro : "poxa! eu não conheço ninguem aqui!, esse sinaleiro, eu nunca vi ele por essas bandas... bom. dois desconhecidos podem ser amigos! né? o,O" então vamos lá!

Esperei a semana toda, e nesse domingo me arrumei. coloquei uma garrafa de rum enrolada num algodão crúe a marrei a ponta da garrafa com corda de marinheiro (para ele assimilar o presente) e alí pelas 18:15 me dirigí ao farol.

foi uma longa caminhada pois o caminho já não mais existia e as pedras haviam tomado conta... (como elas foram para alí eu não sei!). demorou muito tempo até que eu me encontrasse no pé do farol... na porta havia algo escrito de lapís bem fino. aproximei a lanterna e então pude ler: "aqui, o silencio do vento reina..." tava na cara que ele não era de fazer barulho... e nem dava... pois daqui não se ouvia nada da cidade graças as ondas quese chocavam com a rocha... em fim...
abri a porta e comecei a suber as escadas... degrau um, degrau dois degrau tres... vinte, vinte e nove, quarenta e cingo, oitenta... (minha nossa isso não termina nunca)... cem, cento e oito degraus e eu vi a luz bem de perto.... hávia uma anti-sala abaixo do farol mesmo!

então estava eu lá: com uma garrafa na mão, a rapieira pendurada no lado esquerdo da perna (nuca se sabe) e uma curiosidade que eu vou te contar...

pigarreei baixo, e

batí na porta.

batí na porta

batí na porta...

nada ouví.

frustrado pelo fora da possivel amizade do marinheiro, deixei a garrafa na porta e pensei em partir, mas antes batí pela ultima vez. a porta estava a berta e no primeiro toque ela se abriu.

meus olhos não pudiam compreender corretamente o que se passava naquele quarto completamente pintado de grafite de lapiz, com algumas estrelas desenhadas no teto do mesmo. uma escrivaninha com um grosso caderno com uma pena do lado, um piano e uma cama com uma coucha cheia de retalhos escritos. ninguem no local... entrei a passos leves, e me dirigi ao grosso caderno (não sei porque me chamou a a tenção). logo na primeira página havia um longo sorriso desenhado a mão (=D), nem preciso dizer que neste instante minha mente já havia imaginado mil coisas. e então me dirigi a cama... me acentei... e quanto me acentei sobre ela percebi que havia algo em baixo... (não ... eu não sou de contar horrores por isso...) enfiei a mão debaixo da cama para puxar o que quer que aquele velho rabugento esteja fazendo lá em baixo (isso são modos de receber uma visita? - pensei)!

mas... oque é isso?
uma garota?
ela chorando correu em direção ao caderno do outro lado do quarto e abraçou-se a ele e me olhava por de tras dele...

-quem é você?
-...
- vamos! me diga! que é voce? eu não vou te fazer mal... - e a garota não fazia nada... -


para tentar acalma-la tentei ignora-la dentro de sua própria casa... caminhando dentro do quarto com as mãos para trás e um nariz bem empinado, quando de repente escorreguei num monte de lapís e caí de costas no chão... (aquilo doeu). a garotinha riu, mas quando eu olhei para ela, fechou a cara e fez um estridente sssssssssssssssssssssshhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh con o indicador tapando os lábios... não sei porque, mas ela parecia ter medo de alguem acordar ou algo assim.

com bons modos, esperei o suposto marujo voltar e fiquei ali a noite toda, sentado na cama e a garotinha do outor lado do quarto ... sem dizer uma palavra...

foi quando ali pelas 6:00 da manhã ( e eu já morto de sono) que a garota correu para a porta, e me trancou lá em baixo; segundos se passaram e o farol foi desligado.
eu comecei a entender o que se passava...

tornei a me sentar na cama e a garota chegou. aproximou-se de mim e falou bem baixinho:
- olá! não fale alto!
- certo (achando isso engraçado...), onde está o moço que toma conta daqui?
- não há nenhum moço. eu vivo aqui sozinha!
- OQUE?
- sssssssshhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!! (com as mãozinhas no ouvido)
- desculpe! oque? vc vive aqui sozinha?
- sim!
- mas você não tem medo?, você precisa sair.
- não... não tenho medo porque ninguem sabe de mim aqui, e não preciso sair porque só voce acha que eu preciso....
- mas voce não pode ficar aqui isolada... tem que conhecer as pessoas na rua...
- você não entendeu. eu não sou presa aqui! eu saio a hora que eu quizer, só que gosto daqui.
- mas você não tem nada aqui (esnobei)
- você é que não tem nada e veio buscar minhas coisas... PRA TRÁS!
- ssssssssssshhhhhhhhhhh (era eu agora. rs...) ei ei ei...peraí... não venho buscar nada... eu tambem não tenho muita coisa... mas conheço a rua, as pessoas...
- mas eu tambem conheço. só não quero ficar lá! aqui o silencio é ótimo. e eu tambem tenho o farol para trabalhar, o piano para tocar e meu caderno para escrever...
- bom se é assim... fique sendo! eu preciso ir... a propósito: me chamo Don Rapouso Ladreau.. e o seu nome é? - ela ficou em silencio... - não vai me dizer o seu nome não?
- eu já disse...
- ah sim! rs... o silêncio... bom... eu me vou... como é apenas uma garota... não posso deixar essa garrafa de rum aqui!
- não ... deixa sim! não vou beber! vou guardar de recordação de alguem que se preocupou comigo!
- mesmo mesmo? olha lá hein!
- mesmo mesmo! rs...
- tenha um bom dia!
- para você tambem!

voltei para casa, mais intrigado ainda... "uma garota que toma conta de um farol, que deve ter os ouvidos super sensiveis e escreve demais...." interessante...

passado uns dias encontro uma carta dela agradecendo a visita, e pedindo para ir visita-la sempre que eu quizer... apenas com uma condição... fazer menos barulho...
no fim da carta estava assinado... o silencio...






Esta nota é uma forma de creditar os diretos autorais.
As imagens contidas nesta postagem referem se a obra denominada "le scorpion" pertencentes aos autores Enrico Marini (arte) e Stephen Desberg (roteiro). não possuem o fim lucrativo, degradação da imagem do personagem e nem o intuito de roubo de direitos autorais.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

[Cronicas da taverna] : alacran y pistolero

ha alguns quilometros do vilarejo há uma baixada deserta.
Exatamente deserta como você imagina. E por mais que seja deserto, a atividade é intensa. Não são poucos os casos de roubos de cavalos, extravios de cargas que se direcionam para os navios, alem de moças honestas (que não deviam andar por aquelas bandas)... entretanto ha pouco tempo atrás aconteceu um fato curioso: hávia um pistoleiro por essas bandas que nenhum aplacava sua ira. De fato, não era um cara mau, mas sabe como é um homem armado...
todos em volta do vilarejo imaginavam como o mesmo iria morrer: seria por tiro? de quantos? qual arma? quem seria? ou, quem seriaM? como ficaria o corpo?...
efim, não foram poucas vezes que essas perguntas foram feitas aqui nesse balcão... eu, realmente não sabia o que dizer... apenas olhava debaixo do balcão para ver se minha rapieira estava por lá... nunca se sabe...
a unica coisa que não me permitia atravessa-la no tal pistoleiro, era uma jovem como um botão de rosavermelha que o aguardava a toda noite...
jamais poderia eu transforma-la em mim... um alguem que perdeu algo de muito valioso ou numa assassina que me executaria

entre uma história e outra, apareceu um grupo de mariachis a procurar emprego. disseram que o Sr antonio José Cuervo os recomendou... Disse eu, que não hávia emprego, mas os mesmos continuaram por essas bandas a pegar uns trocados para dedilhar aquelas violas esquisitas...

...de tanto encherem a minha paciencia, permití que tocassem na taverna, mas apenas de dia, que era o horário deles comporem, ensaiarem e que o moviento era pouco... assim eu não ficava de cabeça cheia quando a noite as conversas preenchiam o salão...

acabo de almoçar, pego o livro vermelho,
passo umas folhas em branco, pego a pena (me sujo com ela),
ponho a pena sobre a mesa e olho para a janela para buscar algo para escrever...
"quem corre pela janela é a rosa do pistoleiro, com lagrima nos olhos abraça um dos
mariachis mais magros que estava na rua. o mesmo retribui o abraço deixando o violão cair no chão..."

a dama o aperta mais forte e em seguida corre em sentido contrário com mais lagrimas nos olhos. o mariachi levanta o violão, tira o excesso de poeira e caminha em direção da taverna... e eu só olhando...

entra pela porta da frente, me comprimenta com um asceno com a cabeça e aquele chapel gigante, pede uma tequila, diz que vai pagar logo...
eu sirvo a tequila, ele a toma devagar (muito corajoso ele)...

o mariachi vai para o lado das mesas acenta-se em uma delas e poe-se a dedilhar e compor.
agora sim compreendí todo o ocorrido...

não pude deixar de fazer uma coisa, escrever a letra que ele compôs:

Una noche muy hermosa
Se bajo de su caballo
A mirar a las estrallas
A recordar su madre
En la noche tan hermosa
Que viajaba el pistolero
El caballo regreso
Solito a el pueblo

Alacran del desierto
Sin saber mataste a un hombre bueno
Con tu colita llena de veneno
Cayo un hombre vestido de negro
Sin saber mataste a el pistolero

Lo buscaron y buscaron
Por los valles del desierto
Lo encontraron por las piedras
Con los ojos abiertos

En la mano la pistola
En la otra el alacran
El pistolero ya no defendera





se quizer, clique na imagem para ampliar


fim!





Dica: no radinho aí do lado, tem a musica que o mariachi compôs! "alacran y pistolero" que tal ouvi-la? fica a dica!





Esta nota é uma forma de creditar os diretos autorais.
As imagens contidas nesta postagem referem se a obra denominada "le scorpion" pertencentes aos autores Enrico Marini (arte) e Stephen Desberg (roteiro). não possuem o fim lucrativo, degradação da imagem do personagem e nem o intuito de roubo de direitos autorais.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

uma imagem


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como descanço ... assim eu espero!

você não está só!
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