quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A sala cinza e vazia ao lado.


hoje foi um dos últimos dias de aula.
e para variar apliquei as provas finais.
todas as salas estavam prontas para a a plicação de provas, exceto aquela.

nessa sala não havia provas pois todos já haviam ido embora,
e da sala onde eu aplicava as provas, só poderia ver a velha sala cinza e vazia ao lado.

não há muitas afirmações sobre tudo, mas hoje eu possuo uma valiosa hipótese:
São vocês que transmitem cores ao ambiente,
são as risadas, as conversas, o senta e levanta, as pequenas e idiotas distrações que transformam as monótonas paredes cinzas nas cores mais vivas de cada manhã.

mas hoje é tarde para comprovar isso, afinal tudo é cinza e não há mais ninguém por lá.
a não ser as cadeiras vazias aos montes. todas em laranja, mas que refletem o mais solitário e profundo cinza.
Se ainda os verei? não sei. alguns não mais, outros sim, mas a verdade é que sempre estarão aqui, trazendo cores e vida à Sala cinza e vazia ao lado!


Bom fim de ano a todos meus alunos

Nos vemos no ano que vem (para os que começam)
não nos vemos no ano que vem (para os que terminam) rs....

obrigado a todos!

sábado, 5 de novembro de 2011

[Crônicas da taverna]/[Receitas da Taverna]: Servir e ser servido! (café Irlandês)


Noite fria aqui no cais, não há um homem dentro desta taverna que não esteja fungando. é como se os ventos que vem do mar fossem armados de espadas e não existe casaco ou escudo que possa nos defender.

É assim que eu posso definir minha taverna nos dias de hoje. Meu Vinho que sempre em boa temperatura é servido machuca os dentes de uns e mata de gastura outros, a lareira ali no canto do balcão é invejada por todos, mas não serve de muito pra alguém como eu que tem que descer todas as horas à área das garrafas. Como estão geladas! Mas mesmo assim a taverna continua com o seu bom movimento.

De certa forma tudo poderia continuar como um dia simples e comum, se não tivesse entrado por aquela porta um sujeito muito estranho para se dizer.

Entrou a passos largos, magros e longos. Rodeou uma mesa vazia como um cão que se prepara para deitar e sentou-se. Tirou da bolsa verde que tinha entre as pernas um livro grosso, porém pequeno e pôs-se a ler.
De fato não era "a garota que pára o baile", mas como o taverneiro eu preciso ficar de olhos em todos, não pude deixar de notar sua excêntrica presença. Pois bem continuei servindo os outros, afinal de contas, como regra da casa o cliente pede a bebida, senta-se e espera que eu o sirva. Mas não é de meu costume ir perguntar o que o mesmo quer.

Passaram uma, duas, três, quinze páginas e o mesmo não se pronunciou. Retirou um longo cachimbo de madeira envernizada, acendeu-o deu duas boas baforadas e continuou a leitura. Aquilo me intrigou! Cachimbo estranho... Mas com os muitos afazeres continuei a servir e ele a ler.

Tarde da noite o frio não atacava somente com espadas e lanças, mas com blocos grandes (senão Gigantes) de neve e a taverna já estava apenas com os seus clientes mais antigos (diga-se de passagem, mais chega
dos). Neste tempo o estranho se levantou. Marcou com os dedos a página que parou, estiou o cachimbo numa das fendas da mesa e caminhou até o balcão onde eu me encontrava próximo às lenhas da minúscula lareira.

- Por favor, sirva-me um pouco de café.
- Uhum... - baixei-me e peguei a velha moringa feita de barro com o café frio e despejei uma boa dose dentro do caldeirão que sempre ficava em cima da lareira só para re-esquentar um pouco. Minutos depois... - aqui está.

Sem desconserto nenhum ele apontou para as garrafas atrás de mim e disse:
- Você tem Whiskey aí?
- Claro - achei estranha a pronúncia, mas peguei a velha garrafa um pouco acima de seus dedos e coloquei no balcão.

Ele ficou um pouco despontado quando olhou para a garrafa, mas logo o sorriso re-abriu quando disse:

- pega aquela lá de cima pra mim?
- qual? Essa?
- não! Aquela mais acima...
- essa aqui? - já me irritando..
- essa com o trevo aí desenhado na rolha... Isso! Essa mesma.

Trouxe a garrafa até o balcão e me virava para subir na pequena escadinha para guardar a outra quando ouvi o barulho do levantar da rolha. Subitamente me virei para chamar-lhe a atenção (afina quem serve as bebidas aqui sou eu), mas parei em choque quando o vi colocar uma rápida dose de Whiskey no café, e com uma sobrancelha levantada, a longa barba negra e o esparso bigode loiro, me disse sorrindo:

- Você não teria por aí um leite mais batido ou cremoso não. né?


Confesso que em outros tempos eu já teria juntado qualquer folgado que SE servisse em minha taverna e ainda me perguntasse se eu tenho leite. Mas como o dia era frio eu resolvi fazer uma exceção, sorrir da mesma forma (com a sobrancelha levantada também) e dizer:

- tem um leite aqui sim, mas de tão velho parece estar até mais grosso.
- é exatamente dis
so que eu preciso.

Sem delongas o estranho pegou a botija de leite grosso e deu uma boa sacudida nele.
Pensei: pronto! Agora só falta me jogar toda essa mistura maluca. Demorou um pouco mais e depois de misturar o Whiskey no café quente despejou um pouco deste leite cremoso em cima. Enquanto me dizia: Whisky é só o escocês; WhiskEy é Irlandês!

Confesso que ficou bonito o negócio, mas não era pra mim. Tomou a liberdade de pegar na minha frente um copo limpo que estava no fim do balcão, dividiu aquela estranha mistura em dois copos e me serviu.
Retornou para sua mesa, limpou o cachimbo, recolocou mais fumo, voltou a ler.concluiu a leitura e voltou para me agradecer. Repousou no balcão duas moedas grandes com escritas de países que eu não conhecia. Mas insisti em ficar com apenas uma e devolver a outra para ele em forma de pagamento. Afinal de contas. Há dias que se serve e há dias que se é servido!


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SALVE TAVERNANDOS!!!!!

Depois de longos tempos parados aqui na taverna, comemoro a alegre volta com este frio inspirador que tenho passado por essas bandas!
e não posso deixar de fazer menção de três pessoas: Ingrid (de quem a muito eu não falo, mas tenho muitas saudades!) de Epaminondas (meu aluno do 1º ano aqui em Eunápolis, que de uma forma filosófica e muito sábia me lembrou que eu tenho uma taverna e uma raposa em forma de blog pra cuidar), e de Pheddie Cadarn - Um irlandês exilado no rio de janeiro e conhecido meu pelas internets da vida! hehehe brincadeiras a parte, pedi para Phreddie que me mandasse uma receita de café irlandês pela net e prontamente ele o
fez. Como agradecimento, resolvi inseri-lo dentro do conto nesta noite.

Pois bem, a receita vai logo aqui abaixo então, sem mais delongas com vocês:

O CAFÉ IRLANDÊS!

O Irish Coffee é como um café de luxo. Sua concentração, beleza e complexidade explicam a fama de uma bebida quente feita para realmente aquecer os corações. E não basta emoção, é preciso estar preparado para tomar um bom café forte com um tradicional uísque irlandês.

o uísque irlandês é um uísque normal, só que feito fora da Escócia e, portanto, recebe o nome de “Whiskey”, com um “e” a mais. É assim porque “whisky” é apenas na Escócia. Nos outros lugares do mundo é “Whiskey”. Tem o mesmo efeito de “champagne” e “espumante”.









INGREDIENTES
27 ml de whiskey irlandês (pode ser o Jameson)
45 ml de café forte quente (expresso, de preferência)
18 ml de creme de leite fresco batido
1 colher de bar de açúcar (bailarina)

Utilize a taça para Irish Coffee. Aqueça a taça com água fervendo. Dispense. Misture o uísque, o café e o açúcar. Coloque o creme de leite batido por cima despejando sobre as "costas" de uma colher aquecida. Não misture novamente.

BEBA MUITO! E DANCE AO SOM DE MÚSICAS IRLANDESAS É CLARO!