quarta-feira, 6 de maio de 2015

O Som das gaivotas do inferno do quase.



Dentre as profundezas do inferno, soterrado nas areias que outrora eram águas, Há uma punição que sobrepuja todo e qualquer açoite, prisão ou mesmo tortura física.

Existe um lugar onde as pessoas nadam do alto mar de miséria para tentar chegar a um porto seguro,
entretanto descobrem que o cansaço as farão morrer na praia. então cansados de bater os braços contra a água pútrida e fétida, as almas desmaiam. Acreditando que ao desistir da luta ganharam, uma vez que o mar lá na outra terra sempre devolvia tudo de volta a praia. Amarga ilusão... Perdem tudo.

A alma acorda novamente em alto mar... Com madeira do que foi o barco para tudo quanto é lado e o som das gaivotas do inferno do quase por tudo quanto é canto, loucas para arrancar mais uma lasca de carne das costas e deixar o mar salgado banhar a ferida.

Então se acorda pela manhã e acredita que dá pra "braçar" até a praia e lá começa uma maratona que vai durar um dia inteiro de sol escaldante nas costas, que embora molhada, queima, tosta, arde e as gaivotas do inferno do quase continuam cantando esperando a hora que o mar vai parar de falsamente jogar e verdadeiramente vai puxar e você não vai conseguir e vai novamente desmaiar.

Isso poderia ser o inferno em si, mas seria muito egoísmo em pensar que eu tenho um inferno só para mim. No outro lado, lá na praia há alguém ou algo que eu quero muito. que se veste de preto, com grinalda preta e sempre acena e grita coisas que eu nunca consigo entender por causa dos barulhos das ondas, mas eu sei que é importante e por isso todos os dias eu tento chegar bem perto para ouvir algo.

Tem dias que eu desisto de tentar chegar na praia, as vezes eu só tento ouvir o que ela diz, as vezes eu só tento bater os braços para as gaivotas do inferno do quase não me devorarem, mas logo apago e lá se vai uma outra bicada... "Ai!" acordo no outro dia com o sol a pino e debruçado em cima de uma tábua boiando novamente.

Pra piorar eu nunca vi ela ir embora, ou mesmo tirar férias lá da mesma praia. 
tenho certeza que ela ou aquilo passa pela mesma situação ao me esperar desesperadoramente nesta grande canção ao Som das gaivotas do inferno do quase....





Esta é uma postagem estranha.
Meu eu está completamente feliz pelos filhos e a casa cheia.
mas a noite vem e me toma um espaço entre uma música e outra que não me resta outra coisa
a não ser escarrar pelos dedos e deixar que isso toque as teclas transformando.... nisto.

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